domingo, 28 de abril de 2019

38 - MISSÃO DO ESPIRITISMO

A missão do Espiritismo, tanto quanto o ministério do Cristianismo, não será destruir as
escolas de fé, até agora existentes.
Cristo acolheu a revelação de Moisés.
A Doutrina dos Espíritos apóia os princípios superiores de todos os sistemas religiosos.
Jesus não critica a nenhum dos Profetas do Velho Testamento.
O Consolador Prometido não vem para censurar os pioneiros dessa ou daquela forma de
crer em Deus.
O Espiritismo é, acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de que a
visão do homem alcance horizontes mais altos.
Há milênios, a mente humana gravita em derredor de patrimônios efêmeros, quais sejam
os da precária posse física, atormentada por pesadelos carnais de variada espécie.
Guerras de todos os matizes consomem-lhe as forças.
Flagelos de múltiplas expressões situam-lhe a existência em limitações aflitivas e
dolorosas.
Com a morte do corpo, não atinge a liberação.
Além-túmulo, prossegue atenta às imagens que a ilusão lhe armou no caminho,
escravizada a interesses inconfessáveis.
Em plena vida livre, guarda, ordinariamente, a posição da criatura que venda os olhos e
marcha, impermeável e cega, sob pesadas cargas a lhe dobrarem os ombros.
A obstinação em disputar satisfações egoísticas, entre os companheiros da carne,
constitui-lhe deplorável inibição e os preconceitos ruinosos, os terríveis enganos do
sentimento, os pontos de vista pessoais, as opiniões preconcebidas, as paixões
desvairadas, os laços enfermiços, as concepções cristalizadas, os propósitos menos
dignos, a imaginação intoxicada e os hábitos perniciosos representam fardos enormes
que constrangem a alma ao passo vacilante, de atenção voltada para as experiências
inferiores.
A nova fé vem alargar-lhe a senda para mais elevadas formas de evolução.
Chave de luz para os ensinamentos do Cristo, explica o Evangelho não como um tratado
de regras disciplinares, nascidas do capricho humano, mas como a salvadora mensagem
de fraternidade e alegria, comunhão e entendimento, abrangendo as leis mais simples da
vida.
 79
Aparece-nos, então, Jesus, em maior extensão de sua glória.
Não mais como um varão de angústia, insinuando a necessidade de amarguras e
lágrimas e sim na altura do herói da bondade e do amor, educando para a felicidade
integral, entre o serviço e a compreensão, entre a boa-vontade e o júbilo de viver.
Nesse aspecto, vemo-lo como o maior padrão de solidariedade e gentileza, apagando-se
na manjedoura, irmanando-se com todos na praça pública e amparando os malfeitores,
na cruz, à extrema hora, de passagem para a divina ressurreição.
O Espiritismo será, pois, indiscutivelmente, a força do Cristianismo em ação para reerguer
a alma humana e sublimar a vida.
O Espaço Infinito, pátria universal das constelações e dos mundos,é, sem dúvida, o clima
natural de nossas almas, entretanto, não podemos esquecer que somos filhos,
devedores, operários ou companheiros da Terra, cujo aperfeiçoamento constitui o nosso
trabalho mais imediato e mais digno.
Esqueçamos, por agora, o paraíso distante para ajudar na construção do nosso próprio
Céu.
Interfiramos menos na regeneração dos outros e cogitemos mais de nosso próprio
reajuste, perante a Lei do Bem Eterno, e, servindo incessantemente com a nossa fé à
vida que nos rodeia, a vida, por sua vez, nos servirá, infatigável, convertendo a Terra em
estação celestial de harmonia e luz para o acesso de nosso espírito à Vida Superior.

Do livro Roteiro - Psicografia de Chico Xavier pelo espírito Emmanuel - FEB Editora
22 - O ESPIRITISMO NA ATUALIDADE

O Espiritismo, nos tempos modernos, é, sem dúvida, a revivescência do Cristianismo em
seus fundamentos mais simples.
Descerrando a cortina densa, postada entre os dois mundos, nos domínios vibratórios em
que a vida se manifesta, mereceu, desde a primeira hora de suas arregimentações
doutrinárias, o interesse da ciência investigadora que procura escravizá-lo ao gabinete ou
ao laboratório, qual se fora mera descoberta de energias ocultas da natureza, como a da
eletricidade, que o homem submete ao seu bel-prazer, na extensão de vantagens ao
comodismo físico..
Interessada no fenômeno, a especulação analisa-lhe os componentes, acreditando
encontrar, no intercâmbio entre as duas esferas, nada mais que respostas a velhas
questões de filosofia, sem qualquer conseqüência de ordem moral, na experiência
humana.
Erra, todavia, quem se norteia por essas normas, de vez que o Espiritismo, positivando a
sobrevivência além da morte, envolve em si mesmo vasto quadro de ilações, no campo
da ética religiosa, constrangendo o homem a mais largas reflexões no campo da justiça.
Não cogitamos aqui de dogmática, de apologética ou de qualquer outro ramo das escolas
de fé em seus aspectos sectários.
Não nos reportamos a religiões, mas à Religião, propriamente considerada como sistema
de crescimento da alma para celeste comunhão com o Espírito Divino.
Desdobrando o painel das responsabilidades que a vida nos confere, o novo movimento
de revelação implica abençoado e compulsório desenvolvimento mental.
A permuta com os círculos de ação dos desencarnados compele a criatura a pensar com
mais amplitude, dentro da vida.
Novos aspectos da evolução se lhe descortinam e mais rico material de pensamento lhe
enriquece os celeiros do raciocínio e da observação.
Entretanto, como cada recipiente guarda o conteúdo dessa ou daquela substância,
segundo a conformação e a situação que lhe são próprias, a Doutrina Renovadora, com
os seus benefícios, passa despercebida ou escassamente aproveitada pelos que se
inclinam às discussões sem utilidade, pelos que se demoram no êxtase improdutivo ou
pelos que se arrojam aos despenhadeiros da sombra, companheiros ainda inaptos para
os conhecimentos de ordem superior, trazidos à Terra, não para a defesa do egoísmo ou
da animalidade, mas sim para a espiritualização de todos os seres.
De que nos valeria a prodigiosa descoberta de Watt, se o vapor não fosse disciplinado, a
benefício da civilização? Que faríamos da eletricidade, sem os elementos de contenção e
transformação que lhe controlam os impulsos?
 48
No Espiritismo fenomênico, somos constantemente defrontados por aluviões de forças
inteligentes, mas nem sempre sublimadas, que nos assediam e nos reclamam.
Aprendemos que a morte é questão de seqüência nos serviços da natureza.
Reconhecemos que a vida estua, ao redor de nossos passos, nos mais variados graus de
evolução.
Daí o impositivo da força disciplinar.
Urge o estabelecimento de recursos para a ordenação justa das manifestações que dizem
respeito à nova ordem de princípios que se instalam vitoriosos na mente de cada um.
E, para cumprir essa grande missão, o Evangelho é chamado a orientar os aprendizes da
ciência do espírito, para que, levianos ou desavisados, não se precipitem a imensos
resvaladouros de amargura ou desilusão.

Do livro Roteiro, psicografia de Chico Xavier pelo espírito Emmanuel - FEB Editora