22 - O ESPIRITISMO NA ATUALIDADE
O Espiritismo, nos tempos modernos, é, sem dúvida, a revivescência do Cristianismo em
seus fundamentos mais simples.
Descerrando a cortina densa, postada entre os dois mundos, nos domínios vibratórios em
que a vida se manifesta, mereceu, desde a primeira hora de suas arregimentações
doutrinárias, o interesse da ciência investigadora que procura escravizá-lo ao gabinete ou
ao laboratório, qual se fora mera descoberta de energias ocultas da natureza, como a da
eletricidade, que o homem submete ao seu bel-prazer, na extensão de vantagens ao
comodismo físico..
Interessada no fenômeno, a especulação analisa-lhe os componentes, acreditando
encontrar, no intercâmbio entre as duas esferas, nada mais que respostas a velhas
questões de filosofia, sem qualquer conseqüência de ordem moral, na experiência
humana.
Erra, todavia, quem se norteia por essas normas, de vez que o Espiritismo, positivando a
sobrevivência além da morte, envolve em si mesmo vasto quadro de ilações, no campo
da ética religiosa, constrangendo o homem a mais largas reflexões no campo da justiça.
Não cogitamos aqui de dogmática, de apologética ou de qualquer outro ramo das escolas
de fé em seus aspectos sectários.
Não nos reportamos a religiões, mas à Religião, propriamente considerada como sistema
de crescimento da alma para celeste comunhão com o Espírito Divino.
Desdobrando o painel das responsabilidades que a vida nos confere, o novo movimento
de revelação implica abençoado e compulsório desenvolvimento mental.
A permuta com os círculos de ação dos desencarnados compele a criatura a pensar com
mais amplitude, dentro da vida.
Novos aspectos da evolução se lhe descortinam e mais rico material de pensamento lhe
enriquece os celeiros do raciocínio e da observação.
Entretanto, como cada recipiente guarda o conteúdo dessa ou daquela substância,
segundo a conformação e a situação que lhe são próprias, a Doutrina Renovadora, com
os seus benefícios, passa despercebida ou escassamente aproveitada pelos que se
inclinam às discussões sem utilidade, pelos que se demoram no êxtase improdutivo ou
pelos que se arrojam aos despenhadeiros da sombra, companheiros ainda inaptos para
os conhecimentos de ordem superior, trazidos à Terra, não para a defesa do egoísmo ou
da animalidade, mas sim para a espiritualização de todos os seres.
De que nos valeria a prodigiosa descoberta de Watt, se o vapor não fosse disciplinado, a
benefício da civilização? Que faríamos da eletricidade, sem os elementos de contenção e
transformação que lhe controlam os impulsos?
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No Espiritismo fenomênico, somos constantemente defrontados por aluviões de forças
inteligentes, mas nem sempre sublimadas, que nos assediam e nos reclamam.
Aprendemos que a morte é questão de seqüência nos serviços da natureza.
Reconhecemos que a vida estua, ao redor de nossos passos, nos mais variados graus de
evolução.
Daí o impositivo da força disciplinar.
Urge o estabelecimento de recursos para a ordenação justa das manifestações que dizem
respeito à nova ordem de princípios que se instalam vitoriosos na mente de cada um.
E, para cumprir essa grande missão, o Evangelho é chamado a orientar os aprendizes da
ciência do espírito, para que, levianos ou desavisados, não se precipitem a imensos
resvaladouros de amargura ou desilusão.
Do livro Roteiro, psicografia de Chico Xavier pelo espírito Emmanuel - FEB Editora
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